Manchester By the Sea

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Livia
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Manchester By the Sea

Eu demorei a me envolver com esse filme. Quase desisti de assistir depois de uns 20 minutos, mas resolvi fazer uma forcinha e tentar terminar. Não sei se valeu a pena. O filme é foda, mas é triste pra caralho. É um tipo de tristeza que pega a gente, deixa deprimido, ja faz quase uma semana q eu assisti e ainda to deprimida pra caralho. Enfim...

A história é sobre um homem, vivido pelo Casey Affleck (um adendo: a interpretação dele é genial), que perde seu irmão, e acaba se vendo como tutor do seu sobrinho de 15 anos. O problema é q ele tem depressão. Das piores que existe. E conforme o filme vai passando, e vc entendendo o pq da depressão, vc percebe q ele é uma casca vazia. Ele não vive, ele apenas sobrevive, dia após dia, esperando que finalmente eles acabem. E foi quando eu entendi isso que o filme me pegou. Alguns daqui sabem q eu passei por uma depressão fodida a uns anos atrás. Meu casamento naufragando, com uma fiilha pequena pra criar, meu irmão mais velho morreu num acidente, meu pai morreu 20 dias depois com problema no coração, meu outro irmão foi embora pra europa, e nno fim fiquei eu, minha mãe e a valentina. Isso tudo aconteceu num periodo de 3 meses. Eu estava feliz, bem, e três meses depois eu sozinha tendo que administrar uma firma, criar uma filha, cuidar de uma mãe com depressão profunda, sem a ajuda de ninguém. Absolutamente ninguém. Eu fui fingindo q era forte, tentando abraçar o mundo, até q chegou uma hora q eu surtei, de ter q ficar internada na base dos calmantes e afins. E com isso já são quase 2 anos brigando com a depressão, dia após dia. Por muito tempo, a primeira coisa q eu pensava quando acordava era se finalmente meu dia tinha chegado. Mas, uma coisa sempre me segurou nesse tempo, q foi ter a valentina comigo. O personagem do casey não tem onde se apoiar, e eu entendo exatamente como ele se sente. Por um bom tempo, como ele, eu apenas sobrevivi. Como uma casca vazia. 

Enfim, não é um filme que dê pra falar que gostou. É quase uma sessão de masoquismo, pq a trsiteza dele vai acabar te atingindo, te contaminando. Não dá pra assistir esse filme e sair do mesmo jeito. Algo dentro de vc muda, de uma maneira ou de outra. Não é assistir um flme, é passar por uma experiencia de tristeza extrema.

 

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And then there was silence...

Ray J
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Lívia, já trocamos vários e-mails e certa vez você disse para eu nunca encerrar o Joio, pois era seu porto seguro, sua válvula de escape de um mundo que pode ser cruel com a gente.

Minha esposa teve depressão pós parto e levamos 4 anos para reverter o quadro. E faço questão de falar disso abertamente pois doenças que envolvam emoção muitas vezes são tratadas como "frescura" e que podem ser resolvidas com "boa vontade". Mesma coisa de dizer que um perna quebrada se cura com boa vontade.

Foram anos com medicamento e acompanhamento médico e hoje estamos bem. Mas assim como você tem a Valentina, ela teve a mim. Cheguei a falar para amigos que morava com uma estranha, mas que teria minha esposa de volta, e ela voltou.

Enfim, parabéns pela crítica e obrigado por abrir o coração para nós. É importante que as pessoas que leiam isso, mesmo em um site sobre cinema, saibam que depressão é assunto sério, mas muito bem estudado e com bons profissionais e medicamentos que podem reverter ou amenizar o quadro.

Quanto ao filme, fiquei curioso. Casey Afleck é um excelente ator, muito discreto nas atuações e que passa muito sem ser caricato. Fiquei curioso por ver o filme.

Ps.: Mande notícias por e-mail. Faz tempo que a gente não fofoca.

Saudações
Ray Jackson

agraciotti
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Esse e Moonlight acho q falam mais pra quem viveu situações parecidas, de fato. E acho q só por isso já merecem valor e ganharem destaque pro grande público com as premiações (certeza q muita gente jamais veria esses filmes se nao fosse pelo hype da época das premiações).

MAS...analisando de fora, apenas como obras - de alguém q nunca sofreu de depressão e muito menos cresceu negro e gay - acho q os dois filmes sofrem do mesmo problema: vitimismo demais e criatividade narrativa de menos. O Manchester tem um clima interessante na maneira como retrata a cidade e o ambiente influencia nos personagens. Tudo é BEM deprê. Mas nao gosto da artificialidade das montages em camera lenta e com trilha de ópera. Tira justamente a verossimilhança q o filme constrói de forma tao bem cuidada. E ate agora nao sei se gosto do Casey Affleck nao. Beira o caricato. É tipo "olhem...nao estou atuando, mas estou".  O mesmo vale pro Moonlight, q os clichês todo da infância do menino (bullying na escola, mãe bêbada, bla bla bla) somado à passividade do personagem meio q sabota o potencial de uma história bonita.

Livia
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And then there was silence...

Livia
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agraciotti wrote:

Esse e Moonlight acho q falam mais pra quem viveu situações parecidas, de fato. E acho q só por isso já merecem valor e ganharem destaque pro grande público com as premiações (certeza q muita gente jamais veria esses filmes se nao fosse pelo hype da época das premiações).

MAS...analisando de fora, apenas como obras - de alguém q nunca sofreu de depressão e muito menos cresceu negro e gay - acho q os dois filmes sofrem do mesmo problema: vitimismo demais e criatividade narrativa de menos. O Manchester tem um clima interessante na maneira como retrata a cidade e o ambiente influencia nos personagens. Tudo é BEM deprê. Mas nao gosto da artificialidade das montages em camera lenta e com trilha de ópera. Tira justamente a verossimilhança q o filme constrói de forma tao bem cuidada. E ate agora nao sei se gosto do Casey Affleck nao. Beira o caricato. É tipo "olhem...nao estou atuando, mas estou".  O mesmo vale pro Moonlight, q os clichês todo da infância do menino (bullying na escola, mãe bêbada, bla bla bla) somado à passividade do personagem meio q sabota o potencial de uma história bonita.

Cara, moonlight não me pegou. Eu entendo o hype, um filme sobre um negro gay, marginalizado, é aquelas histórias que as pessoas se sentem na obrigação de premiar. É um bom filme? sim. Poderia ser melhor? Com certeza. É tipo dar um papel de uma pessoa com doença mental pra um bom ator, é 50% de certeza de um oscar.

Agora eu discordo sobre o Casey. Não sei se vc ja conviveu com pessoas q tem depressão, principalmente quando elas desistem da vida. São como zumbis, que todo dia fazem a mesma coisa. É como ligar um piloto automatico e deixar o corpo viver por si só. Eu me identifiquei muito com ele, principalmente por ter q mudar da cidade q eu vivi minha vida inteira, onde estão todos meus amigos, tudo q eu conheço. Mas por causa disso, cada esquina me lembrava meu irmão, ou meu pai. Andar por penapolis, hoje, pra mim, é um martirio. Quando ele fala no fim que não consegue superar, eu vi muito disso nele, pra onde ele vai, tudo q ele faz, só faz a dor aumentar.

 

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And then there was silence...

agraciotti
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Livia wrote:

Agora eu discordo sobre o Casey. Não sei se vc ja conviveu com pessoas q tem depressão, principalmente quando elas desistem da vida. São como zumbis, que todo dia fazem a mesma coisa. É como ligar um piloto automatico e deixar o corpo viver por si só. Eu me identifiquei muito com ele, principalmente por ter q mudar da cidade q eu vivi minha vida inteira, onde estão todos meus amigos, tudo q eu conheço. Mas por causa disso, cada esquina me lembrava meu irmão, ou meu pai. Andar por penapolis, hoje, pra mim, é um martirio. Quando ele fala no fim que não consegue superar, eu vi muito disso nele, pra onde ele vai, tudo q ele faz, só faz a dor aumentar.

Sim, já namorei duas, inclusive. Sou expert no assunto hehe

De novo, nao tenho como julgar essa identificação q vc sentiu com ele. Que bom q rolou. Mas, ao meu ver, o mérito do filme está além, é no clima, na direção, na maneira q o drama ganha forma na interação dos personagens (mesmo que eu nem ache o filme lá grandes coisas). Pensando em personagens com depressão, lembro de Apenas um Sonho, As Horas, Gosto de Cereja (do Kiarostami) e, principalmente, em Melancolia (Lars Von Trier é outro especialista no assunto). Esses sim, são filmes que se destacam pelos atores, todos muito melhores que o Casey Affleck. Até pq tenho certeza q esse é o tipico caso "Cuba jr/Hillary Swank": atores medíocres que calham de cair no papel certo. 

agraciotti
Foto de agraciotti

E ainda tem essa história ne:

http://thetab.com/uk/2017/02/27/brie-larsons-face-giving-casey-affleck-oscar-last-night-summed-felt-watching-casey-affleck-win-oscar-34188

To com a Brie Larson <3

Pringles
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Eu tenho depressão, mas minha válvula de escape é o álcool. Não chego a ser um alcoolatra do tipo que cai e bebe escondido, mas se eu não beber minha cerveja no fim de semana eu já fico mal. Vou conferir o filme.

XIII
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Bem pesada a história, num deslize passar por uma tragédia dessas não sei não, só o fato do cara ter seguido com a vida do jeito que deu já é uma vitória. Eu adorei as sequências nos bares, o self-punishment do cara... ''Do you guys know me? So what the fuck you're looking at... BANG'' hahaha

O Sadflec é curioso, lembro de ter adorado The Assassination of Jesse James by The Coward Robert Ford (pqp what a mouthful) da primeira vez que vi, depois quando revi umas 2x caiu um pouco no conceito, replay value baixíssimo. Todo o impacto da cena dele executando o Jesse James (mais pra suicídio assistido) se perde nos reruns, mas o cara mandou muito bem nesse também.