Phoenix Wright: Ace Attorney

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Bennett
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Phoenix Wright: Ace Attorney

Finalmente terminei o primeiro jogo da série Phoenix Wright, Phoenix Wright: Ace Attorney. Já venho elogiando ele horrores aqui no Joio há um bom tempo, mas nunca escrevi nada detalhado sobre o jogo. Primeiramente lançados para GBA, os três primeiros jogos da série nunca foram traduzidos para o inglês antes de serem relançados para o DS. Acho que é um daqueles casos em que os responsáveis acharam que não haveria sucesso em mercados estrangeiros por diferenças culturais, e erraram feio. Phoenix Wright tem um público cult bastante fanático, e o quarto jogo da série, desenvolvido especialmente para DS, já está previsto para sair no futuro em outras línguas que não a nativa japonesa.

Para quem viveu a era de ouro dos adventures, o jogo é um prato cheio. Não apenas porque ressuscita, ainda que parcialmente, a mecânica dos adventures point-and-click, mas principalmente porque o humor do jogo é afiadíssimo, e lembra muito o tom dos jogos da LucasArts, antes da LucasArts ficar babaca. Eu ri alto diversas vezes durante este primeiro Phoenix Wright, e o nível da tradução é espetacular. Parece que muito foi mudado do japonês para o inglês, de modo que o que se vê não é uma tradução literal, mas praticamente um novo roteiro, dentro do que o jogo original permitiu.

Phoenix Wright: Ace Attorney, ou Gyakuten Saiban, no original (note que o título da série é algo como "Julgamento Reviravolta", e não ostenta o nome do protagonista), é sobre um advogado de defesa novato, o do título, que se vê às voltas com um escritório só seu depois que sua mentora e antiga chefe Mia Fey é assassinada. O assassinato de Fey é um mini-spoiler, mas vem tão no início do jogo que não faz diferença escrever sobre ele abertamente...até porque Mia continua no elenco do jogo. Como um fantasma!

Não é, nem de longe, uma série com um roteiro "realista", à la CSI. Elementos de fantasia encontram-se presentes, e o sistema jurídico e judiciário do universo Phoenix Wright é bizarro o suficiente para o deleite de qualquer profissional do direito. Aparentemente, algumas coisas são similares ao que ocorre no sistema japonês, mas...o tom é o de um juridiquês genérico que passou por uma releitura mangá/anime alucinada e sem freios. Testemunhas podem mentir na cara dura sem qualquer repercussão (e elas sempre mentem!), qualquer julgamento deve durar três dias (necessariamente!), apenas a acusação pode indicar testemunhas, e alguns promotores se vestem como nobres russos do século XVIII. Mais bacana ainda, é um universo judicial extremamente desleal: o juiz é corrupto, burro e covarde, e os promotores fabricam as provas com o auxílio da polícia. Resta a você, Phoenix, muitas vezes na base do improviso, salvar a vida de seus clientes inocentes.

São cinco casos em Ace Attorney. O primeiro, relativamente curto, serve como tutorial (mas já é, em si, um caso relevante), depois seguido por três casos looooongos (cada um demora umas três horas para ser concluído), e então finalizado por um excelente caso bônus (pós-creditos), que se encontra presente apenas na versão para DS e incorpora um sistema novo de visualização de provas que só foi repetido em Gyakuten Saiban 4. Com exceção do primeiro, os casos em regra se dividem em sessões intercaladas de investigação e julgamento. As seqüências de julgamento são onde o jogo brilha, mas há muito o que se gostar nas investigações, que são o componente que mais se aproxima dos adventures clássicos.

Durante as investigações, Phoenix e sua ajudante Maya Fey (irmã da falecida Mia Fey) passeiam por cenas de crimes, delegacias de polícia e outros locais em busca de provas e entrevistando testemunhas. Tudo é visto em primeira pessoa, e controlado pela touch screen - que pode ser abandonada em favor dos botões...mas não há motivo para deixar a caneta de lado, já que é um jogo que funciona muito melhor na base do toque. Conforme você vai conversando com as testemunhas e obtendo provas, novos itens vão sendo acrescentados na sua pasta referente ao caso, e podem ser apresentados a pessoas ou utilizados durante as sessões de julgamento. O jogo é bastante linear: não há maneira, por exemplo, de se entrar em um julgamento sem todas as provas necessárias, e você inevitavelmente precisa percorrer todos os diálogos de algumas testemunhas para poder obter certos itens.

Nas sessões de julgamento, o formato do jogo muda, apesar da interface permanecer a mesma. Ao invés de uma visão exclusivamente em primeira pessoa, há uma câmera no meio da sala de julgamento, rodando em 360 graus, passando freneticamente pelo juiz, promotor, advogado de defesa e testemunha. O promotor apresenta a testemunha, que dá seu depoimento, e joga a bola para você fazer a argüição. Você pode pressionar a testemunha ponto a ponto, e deve fazê-la entrar em contradições apresentando provas. Basicamente é isso, bastante simples, mas com resultados às vezes geniais.

Há toda uma mise-en-scène tipicamente capcomniana, que remonta a Street Fighter, e que coloca você contra o promotor como se numa luta Ryu vs. Zangief. Toda vez que você vai argüir uma das testemunhas da acusação, por exemplo, aparece bem grande na tela de cima, em letras berrantemente coloridas "CROSS EXAMINATION", enquanto embaixo há dois closes em movimento nos olhos de promotor e advogado. Em momentos críticos, você tem um medidor de HP, que é subtraído toda vez que você fala besteira e é penalizado pelo juiz. Não faltam nem os shoryukens, já que toda vez que um duro golpe argumentativo é desferido ou está prestes a ser dado os personagens gritam uns com os outros. É um monte de "Objection!", "Hold it!" e "Take that!" de um lado para o outro. E cada promotor fala "Objection!" de um jeito diferente (até agora sinto medo do "objection" de Manfred von Karma). A trilha sonora acompanha os altos e baixos de Phoenix no julgamento, e dá um pique de cena de ação a algumas passagens. Alguns casos chegam a ser verdadeiramente emocionantes. [Procurem para baixar a trilha sonora em versão orquestrada - Gyakuten Meets Orchestra - é excepcional!]

Os casos, aliás, não funcionam de forma isolada...são todos de uma maneira ou de outra interconexos, e personagens e eventos de um têm repercussão em outros. A sensação é a de se estar assistindo a uma (boa) temporada de uma série de TV como Lost ou 24 Horas, e os roteiros são muito bem construídos e envolventes. Os primeiros três jogos formam uma trilogia, retratando a carreira de Phoenix Wright como advogado. No quarto jogo, o protagonista muda para Apollo Justice, e Phoenix passa para o elenco de coadjuvantes. Todos os jogos da série, assim, formam uma continuidade fechada e uma grande história.

Os defeitos do jogo talvez sejam a linearidade e, em geral, facilidade (apesar de alguns momentos de aperto), mas fora isso são impecáveis. Os gráficos não são nada de espetacular, mas um jogo como este não precisa de fotorrealismo. Phoenix Wright é o melhor adventure que eu joguei desde Grim Fandango, e já vou engatar o segundo jogo da série, meio que com receio de acabar tudo depressa demais e ter que esperar muito tempo antes de Gyakuten Saiban 4 ser finalmente lançado.

Sim, vale a pena comprar um DS para jogar Phoenix Wright.

quase nada
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Um jogo que tem cara de DS é um simulador de muriçoca que saiu pra ps1 (ou ps2), eu nunca joguei, mas dizem ser bizarro.     

 Achei um video, hauhau 

Bennett
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HAHAHAHA, muito bom esse jogo. Mas o DS tem simulador de abuso sexual:

Leão da Barra
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O Japão nunca para de me surpreender: Phoenix Wright live action:

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Falta de Esculhambação

 

Dré
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quase nada wrote:

Um jogo que tem cara de DS é um simulador de muriçoca que saiu pra ps1 (ou ps2), eu nunca joguei, mas dizem ser bizarro.     

Não vi o vídeo... é o Mr. Mosquito?

Dré
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Falando em Phoenix Wright, muito engraçados os ataques dele ( e da sua secretária ) no Ultimate Marvel Vs. Capcom

Bennett
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Provavelmente é o vídeo que o Leão já postou, mas cheguei nessa atrasado e não vi. Filme dirigido pelo TAKASHI MIIKE hahaha. Vai ser divertido:

Livia
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estava eu navegando pelo itunes quando vi o ace attorney pra vender. Normalmente eu passaria reto sem nem olhar, mas, lembrei do bennet elogiando, fui lá e comprei a trilogia. E pqp, como isso é bom.

Estou no começo do terceiro caso do primeiro jogo ainda, mas é completamente viciante, não consigo largar o ipad.

a tempos não me divertia tanto com um jogo.

 

 

 

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And then there was silence...