Na verdade a dica não é dele, apenas os comentários. Tem algumas bobagens, mas também tem coisa boa -- concordo particularmente com os itens 2 e 6.
REF wrote:
Como melhorar os filmes (e o cinema) atuais
Três jornalistas da revista EW (Antony Breznican, Josh Rottenberg, Benjamin Svetkey) fizeram esta proposta aproveitando que as bilheterias estão caindo cada vez mais (5% em 2010, além de ter sido pior janeiro em 20 anos!) e as salas de cinema estão cheias de problemas. Se ajustar para a inflação, as rendas têm caído desde 2004.
Isso para não falar na queda desenfreada do DVD, despedidas em massa na indústria (a Sony mandou embora 450 pessoas em home video, inclusive o diretor geral aqui no Brasil), e um filme de estúdio hoje custa para produzir e promover (com marketing) como média, cerca de US$ 106 milhões de dólares (média de R$ 175,96 milhões), o que é espantoso e absurdo.
Vamos às sugestões da revista e o meu comentário depois:
1 - Para cada filme grande cheio de efeitos especiais que os estúdios produzirem, deveriam também aprovar um drama ou mesmo comédia modesta. Parece que eles só pensam em possíveis blockbusters endereçados aos rapazes adolescentes um público cada vez mais infiel.
Este ano ficou provado que há espaço para bons filmes de custo relativamente baixo (como O Discurso do Rei, Bravura Indômita, Cisne Negro, O Vencedor, Atração Perigosa que custam bem menos e, no caso do Cisne, apenas US$ 17 milhões (R$ 28,22 milhões), e todos foram sucesso de bilheteria.

O Discurso do Rei/Divulgação
Enquanto os estúdios fizeram filmes como As Viagens de Gulliver e How Do You Know/Como Você Sabe com Reese Witherspoon e Jack Nicholson (ainda inédito, mas é horrível) que custaram mais de US$ 100 milhões e foram desastres.
E lembram, tem que ter paciência com filmes menores, Bravura só chegou ao primeiro lugar na bilheteria quando já estava em sua terceira semana em cartaz. (Tudo que dizem faz todo o sentido, grande não quer dizer melhor e parem de cortejar só os jovens teens, há outros públicos que se mostraram dispostos a consumir cinema).
2 - Esta frase há muitos anos que eu vivo repetindo e vejo agora na revista, já que me parece óbvia: não refaçam os bons filmes, refaçam os ruins, aqueles que por algum motivo não deram certo, mas tinham potencial, como uma boa história.
E listam fracassos tirados de sucessos (The Women Mulheres o Sexo Forte, Planeta dos Macacos de Tim Burton, Sabrina, Pantera Cor de Rosa, The Longest Yard/Golpe Baixo) e os de filmes menos conhecidos (A Mosca, Onze Homens e um Segredo, 3.10 to Yuma/Os Indomáveis, Crown, o Magnífico).
3 - Parem de matar a população com tanta pipoca! Um estudo de 2009 mostra que um saco médio de pipoca contém 1.610 colorias e 60 gramas de gordura saturada. Mais um refrigerante (350 calorias), algum chocolate (1.200) e você se enchendo de lixo que pode prejudicar sua saúde. E olha que os americanos ainda colocam em cima da pipoca não apenas sal, mas também aquela mal cheirosa gordura!
(Eu particularmente não gosto, nem nunca gostei de pipoca. A resposta também é simples: controle-se, não é porque está lá que você tem que comprar – porque é muito caro - e consumir. Além de ter que enfrentar filas e funcionários mal-humorados e mal preparados. Aqui e lá fora).
4 - O excesso de filmes em 3D (também causado porque assim podem cobrar mais caros os ingressos) pode matar a galinha dos ovos de ouro. Deveriam ser reservados para filmes de qualidade, não Piranha 3D ou Fúria de Titãs. Devem acrescentar a experiência de ver um filme e não ser mais um caça níquel (concordo 100%).
5 - Desenvolva o mais rápido possível o VOD (Video on Demand), os filmes em casa seja pagando pela Sky ou Net (seria a forma de substituir a locadora) ou deixe disponível por download ou streaming os filmes recentes (isso sim seria a forma de combater a pirata, como faz o iTunes com as canções) pagando algo razoável (mas legal). O pior é que a própria indústria que sofre com isso e demora tanto para solucionar o impasse. (Não vejo outra maneira).
6 - Admita que o cinema está com inveja da televisão e passe a contratar com mais frequências os roteiristas de televisão para fazerem filmes (como aconteceu com Aaron Sorkin e A Rede Social). E sugerem os autores de Modern Family, The Walking Dead e que eliminem esse preconceito entre os que escrevem para TVe os mais proeminentes que se fixam só em cinema! Como acontecia antes com atores.
(É triste admitir, mas nos últimos anos as séries de TVderam um banho na média dos filmes de cinema).
7 - Quando aprovam um filme alguém tem que acreditar que ele vai dar certo? (Digo mais, será que alguém lê os roteiros desses filmes e não percebem que são ruins? Falo de Gulliver, Sucker Punch, A Team/Esquadrão Classe A, A Nova Chapeuzinho Vermelho que acabou de fracassar lá fora!)

As Viagens de Gulliver/Divulgação
8 - Não passem comerciais nas salas! (na verdade, as salas de cinema ainda mais no Brasil, vídeo Belas Artes, precisam da possível grana que entrar em comerciais. E convenhamos que muitas vezes eles são de boa qualidade e divertidos. E outros informativos.
Eu, que vejo pouca televisão, muitas vezes me divirto os descobrindo. Na França, por exemplo, 15 minutos antes do filme passam comerciais nas salas já que há muitas restrições a eles nas redes de TV. E todo mundo acha normal).
9 - Será que é preciso tanta gente assinando um roteiro? Isso não quer dizer qualidade, porque Os Flintstones, por exemplo, tinha 35 escritores assinando seu roteiro e mesmo assim foi um fracasso (e ruim). (O que querem dizer é que devem acabar com a mania de ficar mexendo no roteiro, quando muitas colheres mexem o mesmo bolo, ele vai desandar. O que é fato.
Ainda acho que a verdade é que hoje os estúdios são dirigidos por advogados e agentes, que só querem ganhar dinheiro. Antigamente era gente que realmente amava o cinema e tentava fazer o melhor possível. A exceção hoje são os Weinsteins, que podem ser difíceis, mas sem dúvida, amam o que fazem e voltaram ao sucesso agora fazendo O Discurso do Rei).
10 - O público! Aqui, como lá, vem a reclamação da plateia que fala o tempo todo durante a projeção, fica ligando o BlackBerry e twitando mensagens ou textos (esquecendo que o celular faz luz que incomoda!) ou jogando pipoca no chão, emporcalhando tudo (pisar em gordura é o que há). Agora fazer comentários em voz alta é realmente duro de suportar!
E pelo amor de Deus retornem os vagalumes, no caso seguranças com capacidade para por os desordeiros para fora. Simplesmente que o público seja mais educado e tenha alguém para reclamar quando algo sai errado na projeção!